Você sabia que muitos negócios, mesmo sendo lucrativo, passam por problemas de caixa?
Parece estranho, não é? Mas é isso mesmo!
Por isso, hoje vou explicar por que negócios que geram lucro passam por dificuldades para honrar pagamentos e, o que o empreendedor ou gestor do negócio precisa fazer para resolver o problema.
Investir, expandir e alcançar o tão desejado lucro são os objetivos que todos os empreendedores têm para seus negócios. Afinal, é por meio dos lucros que os negócios prosperam e se fortalecem.
No entanto, algo que pode surpreender muitas pessoas e até mesmo os próprios empreendedores é o fato que, mesmo com geração de lucros por períodos consecutivos, alguns negócios enfrentam problemas de caixa.
Quando nos deparamos com essa realidade, surge uma pergunta crucial:
Por que empresas que têm lucro passam por problemas de caixa?
Afinal, se há dinheiro entrando, por que ele não está sendo suficiente para manter as contas em dia?
Vamos então, descobrir como as empresas podem enfrentar dificuldades financeiras mesmo diante de números positivos em seus balanços.
Para isso, você vai entender os diferentes fatores que podem afetar o fluxo de caixa de um negócio, desde prazos de compras, gestão de estoques, passando pelas vendas.
Lucro contábil versus caixa dos negócios
Vou iniciar explicando a diferença entre o lucro, aquele divulgado pela contabilidade em seus relatórios contábeis e o caixa.
O lucro é o resultado financeiro registrado nos livros contábeis de um negócio durante um determinado período. Ele reflete a diferença entre as receitas obtidas e os custos e despesas incorridos durante o período contábil.
Quando um negócio gera lucro, onde fica este lucro?
No caixa!
Vamos então entender o que é o caixa em um negócio.
O caixa representa o valor em dinheiro disponível em um determinado momento. É o montante de dinheiro físico, depósitos bancários e equivalentes de caixa que o negócio possui.
Veja, que diferentemente do lucro, o caixa representa efetivamente o dinheiro disponível para o negócio cumprir suas obrigações imediatas e realizar pagamentos.
Dentro disso, que falei, temos 4 situações possíveis para os negócios:
- Empresa lucrativa com fluxo de caixa positivo
- Empresa lucrativa com fluxo de caixa negativo
- Empresa no prejuízo com fluxo de caixa positivo
- Empresa no prejuízo com fluxo de caixa negativo
A situação 1 é onde todos os negócios precisam estar ou buscar maneiras de estarem. É aqui que é possível realizar os investimentos necessários para que nosso negócio cresça ainda mais.
Na situação 3, o negócio não tem lucro, mas tem caixa. Isso ocorre porque o lucro contábil e calculado pelo regime de competência, enquanto o caixa do negócio, leva em consideração tudo que tem para receber e pagar, isso considerando inclusive, recebimentos e pagamentos parcelados de outros meses, que não são considerados pelo regime de competência de forma parcelada.
A situação 4, é a pior situação para qualquer negócio, uma vez que sua operação além de não gerar lucro, também não gera caixa para fazer frente aos compromissos. Se não for tomada uma atitude rápida o negócio não sobrevive por muito tempo.
Já a situação 2, deixei para o final, justamente por ser o tema que vamos estudar.
Essa situação acontece porque o conceito de lucro, não leva em consideração o ciclo operacional nos negócios.
Leia Também: Como montar políticas financeiras para seu negócio
Ciclo operacional
O ciclo operacional refere-se ao período que uma empresa leva desde a aquisição de matérias-primas até a conversão delas em produtos acabados e posterior venda desses produtos.
Esse ciclo envolve todas as etapas do processo produtivo, desde a compra de insumos, passando pagamento dos fornecedores, pela venda dos produtos até chegar recebimento dos clientes.
Quanto mais longo for o ciclo operacional, mais dinheiro é preciso investir para honrar os compromissos. Isso acontece, porque dentro do ciclo operacional, temos o chamado ciclo financeiro.
Ciclo financeiro
O ciclo financeiro está relacionado ao fluxo de caixa e representa o período entre o pagamento aos fornecedores pela compra das matérias primas até o momento em o negócio recebe dos clientes, ou seja, tem dinheiro disponível no caixa oriundo das vendas realizadas.
Por isso, quanto maior for o prazo entre o pagamento das matérias primas e o recebimento dos clientes, mais dinheiro a empresa precisa ter em caixa para suportar este período, e é aqui que os problemas de caixa comecem a aparecer para os negócios.
Não adianta realizar vendas lucrativas, que fazem com o negócio tenha lucro, se o prazo médio de pagamento dos fornecedores e o prazo médio de recebimento dos clientes forem desiquilibrados.
Veja o exemplo abaixo, para você entender melhor.
Suponha que você tenha um negócio que requer compra de mercadorias para produção e posterior venda aos clientes.
- O fornecedor possibilita que você pague pelas compras efetuadas com prazo de 30 e 60 dias.
- A partir do momento da compra das mercadorias, o negócio leva 20 dias para produzir e iniciar as vendas.
- A política de vendas proporciona os prazos de 30, 60 e 90 dias para os clientes pagarem.
Perceba no nosso gráfico que o negócio precisará ter dinheiro em caixa para honrar com o primeiro pagamento ao fornecedor que acontece antes do recebimento da primeira parcela da venda.
Além disso, terá que gerar vendas suficientes para que o dinheiro da primeira parcela das vendas seja suficiente para pagar a segunda parcela da compra das mercadorias.
Esse ciclo, será contínuo, uma vez que o negócio sempre terá que realizar compras de mercadorias, produzir e vender.
Além do problema nos prazos de pagamento e recebimento exigirem que o negócio tenha dinheiro no caixa, tem várias outras questões que afetam o caixa, mas quero falar de 4, que considero principais.
A gestão de estoques
Quando o negócio compra muito mais do que sua necessidade de produção ou capacidade de vendas, o desembolso é maior e acaba ficando com mercadorias paradas sem gerar dinheiro no caixa.
Por outro lado, o negócio tem um compromisso muito maior a pagar, que são as mercadorias, o qual muitas nem reverter em vendas, ficando estocadas, e isso afeta o caixa.
Prazo de produção
Quanto maior for o prazo entre a compra de mercadorias, produção e as vendas, maiores serão as necessidades de dinheiro no caixa, porque os pagamentos vão vencendo e a empresa precisa pagar para não ficar inadimplente.
Se o prazo entre a compra das mercadorias e a produção for muito longo, a disponibilização para vendas também será, e consequentemente o dinheiro demorará para entrar no caixa do negócio, fazendo com que o fluxo de caixa fique apertado.
Tempo de realização da venda
A partir do momento que a produção disponibiliza o produto para venda, a área de vendas deve realizar todo esforço necessário para vender os produtos no menor tempo possível.
Se as vendas demorarem a serem concretizadas e, dependendo do prazo de recebimento, o negócio precisará ter dinheiro disponível para ir pagamento os compromissos financeiros, até que a vendas se efetivem e entrem dinheiro no caixa.
Não adianta vender e não receber
Quando o negócio trabalha com prazos de recebimento dilatados, ou vendas parceladas, deve-se se cercar de todos os cuidados para conceder crédito ou efetuar as vendas parceladas, para evitar a inadimplência.
Quando ocorre o atraso no recebimento, compromete o caixa, aumentando a necessidade de dinheiro, porque o negócio contava com aquele recurso para efetuar os pagamentos e o mesmo não ocorreu.
E quando este atraso se prolonga muito se tornando inadimplência é pior ainda, por que além de não ter certeza do recebimento, ainda exige o esforço extra que negócio terá de desembolsar para receber aquele valor atrasado.
Perceba que se o processo empresarial não estiver bem azeitado o ciclo operacional pode ser muito longo e exigir mais dinheiro que o lucro pode deixar no caixa.
Leia Também: 6 problemas financeiros que qualquer negócio enfrenta
Como resolver estes problemas?
Para resolver estes problemas é fundamental que os negócios gerenciem esses ciclos de maneira eficiente, buscando reduzir prazos entre a compra das mercadorias e as vendas.
É necessário implantar um rigoroso controle de estoques de maneira a otimizar a compra de mercadorias no tempo certo para que não falte na produção ou sobre demais ficando parado até ser utilizada, e mais importante ainda, que a compra seja feita na quantidade certa.
Essas ações na gestão de estoques, ajudaram a diminuir o valor dos desembolsos para o pagamento das mercadorias, ajudando na gestão do caixa.
Realizar vendas com prazos menores ou com maior garantia de recebimento.
Como sabemos que vender somente à vista não é a realidade de muitos negócios, então é necessário fazer com estas vendas tenham uma maior garantia de recebimento e até a possibilidade de adiantamento. Por isso, sempre tenho sugerido a venda parcelada somente no cartão de crédito.
Através do parcelamento via cartão de crédito a garantia de recebimento é muito maior e há inclusive a possibilidade de receber o recurso à vista, deduzindo os juros cobrados pela operadora por tal operação.
Então negócio que adotam venda parcelada no cartão de crédito devem incluir no preço de venda os encargos que este parcelamento proporciona, inclusive os juros pela antecipação, para que não prejudique o lucro das vendas e acabe também gerando problema de caixa.
Agora você pode estar falando…
Ah, mas meu negócio é de prestação de serviços ou venda de mercadoria não tenho que produzir nada, então isso não acontece comigo.
É aí que você se engana!
O que eu descrevi até aqui, acontece em todos os negócios, quer seja aqueles que produzem para vender, quer seja aqueles que somente revendem mercadorias ou mesmo os que prestam serviços. Uma vez que o negócio precisa comprar para vender, já terá a ciclo operacional acontecendo.
Mesmo negócios de prestação de serviços, possuem ciclo operacional, porque primeiramente prestam o serviço e, ao prestar os serviços tem todos os gastos associados e só recebem após o serviço concluído.
Espero que você tenha entendido, que infelizmente é perfeitamente possível, negócios terem lucro e mesmo assim passarem por problemas de caixa, por causa da demora do dinheiro entrar caixa ou por causa do descasamento entre os prazos de pagamento e recebimento.
Como vimos, em parte, tanto o ciclo operacional quanto o ciclo financeiro têm impacto significativo no fluxo de caixa, uma vez que, se estes ciclos forem longos ou desequilibrados, pode ocorrer a falta de dinheiro, mesmo que o negócio esteja gerando lucro.
Por isso, os empreendedores e gestores devem atentar-se para o ciclo operacional e financeiro dos negócios, buscando reduzir o gap entre pagamentos e recebimentos, bem como, cuidar dos atrasos e inadimplência que são outros fatores que contribuem para problemas no fluxo de caixa.
Perceba que empreendedores, gestores e profissionais de empresas que possuem conhecimento de finanças, sobretudo controles financeiros e rotinas financeiras, terão maiores chances de atuar nos negócios de forma preventiva, evitando que problemas como os que eu disse no vídeo aconteça.
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