
Quando pensamos na saúde financeira de um negócio, muita gente olha apenas para o faturamento ou para o lucro no final do mês. Mas existe um indicador silencioso e crucial que pode determinar se uma empresa próspera ou fecha as portas: o capital de giro.
O capital de giro é o que mantém o motor da empresa funcionando no dia a dia. É ele que garante que se consiga pagar fornecedores, salários, contas fixas e continuar operando mesmo quando as vendas atrasam ou os recebimentos ainda não caíram no caixa. Sem ele, até empresas lucrativas podem enfrentar sérios problemas de liquidez.
Ter uma boa gestão do capital de giro é o que separa os negócios que vivem apagando incêndios daqueles que crescem de forma sólida e sustentável.
E acredite: saber calcular e principalmente administrar bem o capital de giro é uma das competências mais importantes para quem está à frente de qualquer tipo de negócio, do micro ao grande.
Mas afinal, como saber se o seu negócio está com o capital de giro suficiente?
E o mais importante: como reduzir a necessidade de capital de giro para aliviar o caixa e ganhar mais fôlego financeiro?
Para responder essas perguntas, preparei um conteúdo completo com exemplos práticos, cálculos simples e estratégias que funcionam de verdade no dia a dia empresarial.
Então, vamos mergulhar nisso juntos:
Leia Também: Entenda a importância do CAPITAL DE GIRO para seu negócio
A gestão do Capital de Giro
Uma das habilidades mais valorizadas para ser um empreendedor de sucesso está em gerenciar os recursos financeiros de forma eficaz para garantir a sustentabilidade do negócio.
Afinal de contas, todos os dias novos desafios financeiros surgem e as habilidades dos empreendedores são colocados à prova.
Veja um exemplo disso:
Vamos imaginar que um negócio possui um capital de giro de $ 45.000, mas precisa de $ 67.500 para manter-se funcionando adequadamente por 45 dias, ou seja, uma diferença de $ 22.500.
Então, como administrar esse capital de giro para amenizar ou evitar problemas de caixa?
A Influência do Ciclo de Caixa no Capital de Giro
O Ciclo de Caixa é o tempo que os negócios levam para para transformar as compras de insumos ou mercadorias em dinheiro disponível no caixa.
Ele é o resultado do prazo médio de pagamento das compras, mais o tempo que os produtos ficam no estoque, menos o prazo médio de recebimento das vendas.
Então se um negócio possui um prazo médio de recebimento (PMR) de 60 dias, um tempo médio de estocagem (TME) de 30 dias e leva em média 45 dias para pagar seus fornecedores (PMP), dizemos que o ciclo de caixa dessa empresa é de 45 dias.
Ciclo de Caixa = PMR + TME – PMP
Ciclo de Caixa = 60 + 30 – 45 = 45 dias
Estratégias para Reduzir o Ciclo Financeiro
Quanto menor for esse ciclo, menor a necessidade de capital de giro, então para encurtar-lo podemos adotar algumas estratégias, como:
Negociar Melhor os Prazos de Pagamento
Imagine que o negócio consiga negociar com seus fornecedores um prazo de pagamento de 60 dias, em vez de 45 dias.
Ciclo de Caixa = PMR + TME – PMP
Ciclo de Caixa = 60 + 30 – 60 = 30 dias
Veja a diferença!
Com essa simples negociação, o descasamento de 45 dias caiu para 30 dias.
Se o gasto médio diário for de $ 1.500, a necessidade de capital de giro que antes era de $ 67.500 passa a ser de apenas $ 45.000 reais, reduzindo significativamente a pressão sobre o caixa.
Valor do NCG = NCG x DIASNCG = $ 1.500 x 30 dias = $ 45.000
Reduzir o Tempo Médio de Estocagem
O Tempo Médio de Estocagem é o tempo em que as mercadorias ficam paradas até serem vendidas.
Se o negócio adotar uma política de estoques enxutos e conseguir reduzir o tempo médio de estocagem de 30 para 20 dias, o novo Ciclo de Caixa seria de 20 dias.
Ciclo de Caixa = PMR + TME – PMP
Ciclo de Caixa = 60 + 20 – 60 = 20 dias
Neste cenário, a necessidade de capital de giro cai ainda mais, de $ 45.000 para apenas $ 30.000.
Valor do NCG = NCG x DIAS
NCG = $ 1.500 x 20 dias = $ 30.000
Acelerar o Prazo Médio de Recebimento
O negócio pode trabalhar com a estratégia de acelerar o prazo médio de recebimento e, isso por ser feito, por exemplo, oferecendo descontos para clientes que pagam à vista ou em prazos mais curtos.
Suponha que, com essa estratégia, o prazo médio de recebimento caia de 60 para 45 dias:
Perceba que agora o ciclo de caixa é de apenas 5 dias!
Ciclo de Caixa = PMR + TME – PMP = 45 + 20 – 60 = 5 dias
Ciclo de Caixa = 45 + 20 – 60 = 5 dias
Quase não precisaria de capital de giro adicional!
Porque a necessidade de capital de giro seria de apenas 7.500 reais.
Valor do NCG = NCG x DIASNCG = $ 1.500 x 5 dias = $ 7.500
Agora me responda, qual seria a necessidade de capital de giro de negócios que têm 30 dias de prazo para pagamento das suas contas a pagar e praticamente só vendem à vista?
Para responder esta pergunta vamos mais uma vez calcular o ciclo de caixa:
Como vendemos à vista, o prazo médio de recebimento é zero. Mantendo o tempo médio de estocagem em 30 dias e o prazo médio de pagamento em 30 dias, teríamos:
Ciclo de Caixa = PMR + TME – PMP
Ciclo de Caixa = 0 +30 – 30 = 0
O negócio não precisaria de capital de giro para manter suas operações.
Mas atenção, é necessário que as vendas ocorram regularmente para cobrir os gastos diários.
Este mesmo exemplo aplica-se aos negócios que realizam a antecipação de cartão de crédito, onde praticamente recebem à vista deduzindo as taxas. Mas que também precisam estar sempre vendendo para continuar antecipando para cobrir os descasamentos entre entradas e saídas.
Leia Também: COMO CALCULAR A NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO NOS NEGÓCIOS
Antecipação de Recebíveis
Essa é outra estratégia para abastecer o negócio com dinheiro em caixa para equilibrar suas necessidades diárias de capital de giro.
Suponha que o negócio tenha 50 mil de contas a receber com vencimento para os próximos 60 dias, mas precisa desse dinheiro agora.
Se a taxa de antecipação for de 2% ao mês, ao antecipar os 50 mil o negócio receberá 48 mil.
Decréscimo primeiro mês = $ 50.000 x2% = $ 1.000
Decréscimo segundo mês =$ 50.000 x2% = $ 1.000 (segundo mês)
Total decréscimo = $ 2.000
Embora perca 2 mil em juros, essa operação pode ser crucial para manter as operações rodando.
Recorrer a Empréstimos de Curto Prazo
A outra opção, desde que consiga taxa de juros competitiva é recorrer a empréstimos para cobrir a necessidade de capital giro.
No nosso estudo, o negócio ainda precisava de $ 22.500 para cobrir os 15 dias de descasamento.
Se conseguir um empréstimo ao custo de 2% ao mês, para pagar em 12 meses, terá um desembolso mensal de cerca de 2.128 reais,
PV = 22.500,00
TAXA = 2%
PERÍODO = 12
PRESTAÇÃO = -R$ 2.128
Dividindo esse valor da prestação do pagamento do empréstimo de $ 2.128 por 30 dias, acrescentaria quase 71 reais a mais de desembolso médio, que deverá ser administrado pelo negócio.
Comparado ao risco de interromper as operações ou atrasar pagamentos importantes, esse custo pode ser bem justificado. Mas lembre-se: esse valor deve ser mantido no caixa, destinado exclusivamente a alimentar a operação dia a dia. Nada de fazer outros investimentos ou torrar esse dinheiro!
Dica Práticas para Gerenciar o Capital de Giro
Agora, vou deixar algumas dicas práticas para garantir que os negócios sempre tenham capital de giro necessário para continuar operando sem sustos, o que pode fazer toda a diferença no seu dia a dia.
1. Esteja Sempre de Olho no Ciclo de Caixa
Lembra do Ciclo de Caixa que falei?
Ele é o termômetro da saúde financeira dos negócios. Reduza-o sempre que possível. Negocie prazos maiores com fornecedores, acelere o recebimento das vendas e adote uma política de estoques enxutos. Isso vai minimizar a necessidade de capital de giro e aumentar sua flexibilidade financeira.
2. Não Deixe o Estoque Parado
Estoque parado é dinheiro parado. Mantenha o estoque ajustado à demanda real do mercado, evitando excessos que possam comprometer o seu capital de giro.
3. Antecipe Recebíveis com Moderação
Antecipar recebíveis pode ser uma boa alternativa para cobrir necessidades imediatas, mas use esse recurso com cautela. Lembre-se dos custos envolvidos, como juros e taxas, que podem corroer sua margem de lucro. Use a antecipação de forma estratégica e não como uma solução recorrente para problemas de caixa.
4. Planeje Seus Pagamentos
Planeje suas compras de forma que os pagamentos se alinhem com as entradas previstas no fluxo de caixa, diminuindo o descasamento entre as entradas e saídas de caixa.
5. Efetue um Controle Financeiro Rigoroso
Não há gestão de capital de giro sem um controle financeiro rigoroso. Mantenha registros precisos e atualizados de todas as entradas e saídas. Para isso, é essencial manter controles financeiros eficazes de contas a pagar, contas a receber, vendas, caixa, bancos e estoques.
6. Monitore o Capital de Giro
O mercado muda e os negócios precisam se adaptar. Revise constantemente as estratégias de capital de giro e ajuste conforme necessário. Isso pode incluir renegociar prazos, ajustar o mix de produtos, ou mesmo rever políticas de crédito e cobrança.
Leia Também: Fluxo de Caixa e Capital Giro nos negócios
Agora que você tem em mãos essas dicas valiosas sobre como administrar o capital de giro nos negócios, que tal colocar tudo em prática?
Administrar o capital de giro é uma das habilidades mais importantes para a sobrevivência e o sucesso de qualquer negócio. Entender o ciclo de caixa, aplicar estratégias para reduzi-lo, e estar preparado com controles financeiros sólidos são passos essenciais para manter os negócios saudáveis e prontos para crescer.
Para dotar os negócios com todas essas informações e dados necessários para analisar e gerenciar o capital de giro é necessário que os mesmos tenham implantados controles financeiros, capazes de controlar os recursos que entram e saem do negócio.
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