Neste artigo, vou falar tudo que você como empreendedor ou candidato a empreendedor precisa saber sobre os empréstimos bancários para negócios.
Vou falar sobre os tipos de empréstimos bancários, quais as modalidades existentes e como você pode fazer uso racional deste dinheiro nos negócios.
Uma das principais dificuldade que assolam os empreendedores e aqueles que querem abrir um negócio é a falta de capital para iniciar um negócio ou para desenvolver um negócio já estabelecido.
Para que esta inciativa não pare antes mesmo de começar, o empreendedor deve ir ao mercado em busca de linhas de crédito que possibilitem levantar os recursos suficientes para o negócio.
Como buscar dinheiro em bancos, ainda é a principal maneira dos empreendedores e negócios se capitalizarem, vou trazer informações importantes sobre os empréstimos bancários, apresentando as modalidades, em qual momento o negócio deve buscar esta fonte de recurso e como preparar o negócio para que possa fazer o melhor uso deste dinheiro.
Empréstimos bancários e financiamento bancário
Vamos começar falando a diferença entre empréstimos bancários e financiamento bancário, que muito ainda julgam ser a mesma coisa, mas apesar de serem dinheiros contraídos em bancos, possuem finalidade diferentes.
O financiamento é um tipo de contrato de crédito para um fim específico, como para adquirir um carro, moto, imóveis, máquinas e equipamentos, por exemplo.
Já os empréstimos bancários são uma concessão de crédito livre, sem necessidade de especificação de compra ou de menor ou maior valor. Com essa modalidade não há facilidade de garantia de retorno a quem empresta o dinheiro e os juros tendem a ser bem maiores.
Então, vamos focar aqui nos empréstimos bancários, por ser o maior volume de operações realizadas.
Segundo uma pesquisa anual realizada pelo SEBRAE, nos últimos seis meses do ano de 2020 passou de 18% para 38% o volume de crédito para negócios de pequeno porte. Esse percentual representa um recorde na série histórica da pesquisa, iniciada em 2013.
Então veja, com o aumento do número de empréstimos realizados pelos pequenos negócios, um problema ou um grave erro vem à tona. Pois, esta mesma pesquisa aponta que 61% dos empreendedores que buscaram empréstimos bancários, fizeram isso na Pessoa Física e não na jurídica.
Por que disse que é um problema?
Porque a mesma pesquisa aponta que cresceu a proporção de empreendedores que encontraram dificuldades para obter um novo crédito. A proporção saltou de 63% para 84% (que também é recorde histórico da série). Sabemos que a dificuldade é maior ainda quando precisamos de dinheiro para abrir o negócio.
Além disso, junta-se ao fato de terem sido aberto no período de 2020 e 2022 mais de 5,2 milhões de novos microempreendedores individuais, que representa o perfil do dono de pequeno negócio, desta forma o empréstimo bancário é formalizado no nome do empreendedor. E o grave erro, onde está?
Empréstimo pessoal versus Empréstimo empresarial
O erro está naquele empreendedor estabelecido com negócio já faturando que por desconhecimento ou por causa da burocracia excessiva, optou pelo crédito pessoal ao invés do crédito empresarial.
Com isso, geralmente paga maiores taxas de juros do que o empréstimo para pessoa jurídica. Tornando o dinheiro mais caro ao longo do tempo, sem falar que as parcelas também são maiores.
Para exemplificar, fiz uma comparação entre as parcelas de empréstimo pessoal e um empréstimo empresarial, para o valor financiado de 10 mil reais em 12 pagamentos.
Segundo site especializado, a taxa média do empréstimo pessoal em 2022 foi de 6,96% ao mês, mas também apresentou a menor taxa entre os bancos pesquisados que foi de 4,28% ao mês, estão vamos utilizar este.
Utilizando a calculadora do cidadão do Banco central, temos que o valor da parcela mensal será de R$ 1.082,91 e após o pagamento das 12 parcelas o valor emprestado de 10 mil transforma-se em um valor pago de R$ 12.994,92, ou seja, você pagará R$ 2.994,92 de juros que equivale a quase 30% a mais de dinheiro.
Agora vamos ver, como fica utilizando empréstimo empresarial na modalidade de capital de giro, que segundo outro especializado, a taxa média ficou em 23,1% ao ano. Trazendo isso para taxa ao mês, temos uma taxa equivalente de 1,74% ao mês.
Então, voltando a calculadora do cidadão, temos que a parcela mensal ficará em 930,56, tendo pago ao final dos 12 meses o valor de R$ 11.166,72, que equivale a 11,67% de acréscimo ao valor contratado.
Veja então, que quando o empreendedor opta por uma operação de empréstimo pessoal, estará pagando R$ 152,35 a mais por parcela que ao final do empréstimo corresponderá a R$ 1.828,20 a mais.
Diante disso, a dica que deixo para todos os empreendedores é utilizar recursos oriundos de empréstimos no nome da pessoa física, somente se as taxas de juros forem muito competitivas, ou se a burocracia for reduzida e sua necessidade for meio que urgente, ou ainda se não tiver condição alguma, por qualquer motivo que seja, de conseguir o recurso na pessoa jurídica, fora isso, você deve sempre pleitear um empréstimo empresarial.
E só para não deixar passar batido, a simulação que fiz foi um exemplo apenas, com números médios apresentados. Pode ser que a realidade encontrada seja diferente dos números que apresentei aqui. Mas, o empreendedor sempre deve fazer as contas antes de optar por um empréstimo, qualquer que seja.
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Por que buscar empréstimos bancários para o negócio
A necessidade de empréstimos bancários em um negócio é diversa. Mas vou citar algumas que inclusive podem servir de dicas para você resolver um problema:
Você pode fazer um empréstimo para:
- Abrir o negócio, como já havia dito, pois nesta fase, alguns negócios exigem investimentos em documentação, compra de equipamentos, locação e adequação do prédio, entre outras necessidades.
- O negócio pode necessitar de capital para viabilizar sua expansão, investindo em alguma oportunidade de mercado que fará com o retorno da expansão possibilite honrar com o compromisso financeiro assumido.
- Em casos de dificuldades de caixa para quitar dívidas, você pode utilizar o empréstimo para realizar a quitação e ainda ganhar folego com o pagamento parcelado.
- O empréstimo pode ser utilizado para superar momentos de crise ou imprevistos, como aconteceu recentemente por causa da pandemia.
- O negócio ainda pode utilizar o empréstimo empresarial como capital de giro, para ajudar a manter as operações do negócio dentro da normalidade e manter o caixa em situação estável, ou seja, que possa manter os compromissos em dia.
Estas foram algumas formas de utilizar o empréstimo empresarial nos negócios.
Porém, os negócios não devem utilizar-se indiscriminadamente de empréstimos bancários, para que não incorra em situação de endividamento e no pagamento de altos juros, que podem inclusive acabar com a lucratividade ou levar a perda de competitividade.
Para que isso não aconteça, o empreendedor ou gestor do negócio devem fazer um planejamento de caixa para utilização do recurso. E este é próximo que vou falar.
Planejamento de caixa
Uma das principais coisas que pode ser negligenciado quando o negócio vai buscar empréstimos bancários é o planejamento de caixa.
É através do planejamento de caixa que o empreendedor saberá se o negócio terá condição de pagar as parcelas e, caso não tenha quais estratégias de caixa poderá utilizar para fazer.
Para cada uma das finalidades que disse antes, você deve analisar se terá caixa para pagar o empréstimo.
Segundo especialistas em finanças, o negócio não pode comprometer mais de 30% do fluxo de caixa com as parcelas do empréstimo.
Por exemplo, no caso de abertura de um negócio. Você deve possuir no seu planejamento a reserva do valor das parcelas. Assim, o negócio deve gerar caixa suficiente através da sua atividade para pagar todos os custos e despesas com o valor das parcelas do empréstimo e ainda gerar lucro.
Outro exemplo é quando você precisa de empréstimo para pagar dívidas.
Neste caso, você deve pegar o recurso somente conseguir quitar a dívida e ainda puder dar folego para o caixa.
Quero que você entenda que não estou aqui defendendo que a empresa pegue empréstimos bancários. Estou falando das situações que você analisar se deve ou não recorrer a esta alternativa e como deve preparar seu caixa para isso.
Digo isso, porque é claro, que existe desvantagens em contrair empréstimo bancário, dentro os quais posso citar, como as principais:
- Por menor que seja a taxa, você vai pagar juros e, esse é um dinheiro que sai do negócio e que fará falta.
- Muitos contratos de empréstimos bancários possuem cláusulas nem tão atrativas, chegando a ser até abusivas, com multas e juros altíssimos em caso de inadimplência, por exemplo.
- Muita burocracia envolvida o que em alguns casos inviabiliza o empréstimo.
Para diminuir o risco que os empréstimos bancários representam em termos de taxas e juros cobrados é importante que o empreendedor ou gestor conheça as principais modalidades de empréstimos bancários para empresas. E este é o próximo assunto que quero abordar
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Principais modalidade de empréstimos bancários para empresas
Microcrédito – Caixa
A Caixa Econômica Federal oferece uma linha de crédito que libera determinado valor após a análise do crédito e da capacidade de pagamento da empresa em questão.
O microcrédito é uma modalidade de empréstimo para pessoa física ou microempreendedor que pretende abrir ou ampliar um negócio. A modalidade é destinada a empreendedores formais – como MEIs (microempreendedores individuais) e pessoas jurídicas – e informais, que não têm fácil acesso a empréstimos ou créditos convencionais. Por meio do microcrédito, cada empreendedor pode captar até 20.000 reais.
Entre as vantagens da operação estão as taxas de juros reduzidas, isenção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a facilidade de aprovação.
Crédito para capital de giro
Esta é uma opção interessante para pequenas e médias empresas que precisam de recursos para pagar as despesas do dia a dia do negócio – o chamado capital de giro.
Esse tipo de crédito é interessante para demandas de curto prazo, considerando que o prazo médio de parcelamento costuma ser de 12 meses.
Cheque especial
O cheque especial é uma modalidade que deve ser usada com cautela e de forma excepcional, tudo porque seu percentual de juros é o mais alto de todos.
Ele deve ser utilizado apenas para algo momentâneo ou para comprar algo de urgência sabendo que em poucos dias terá o dinheiro para cobrir o cheque.
Antecipação de recebíveis
Pode ser chamado também de antecipação da receita. Como o nome diz, ele consiste no adiantamento de algum valor que a empresa receberá no futuro.
Por isso, ele só poderá ocorrer quando a empresa estiver de fato funcionando e tiver previsão de algum recebimento. Ressalta-se que esse valor pode ser antecipado tanto para aumentar o capital de giro quanto para fazer algum investimento.
A principais formas de obter este crédito é através da antecipação de cobrança bancária ou da antecipação dos créditos das vendas no cartão.
Conta Garantida
É semelhante ao cheque especial e está entre as modalidades de crédito para pessoa jurídica de curto prazo. Com o limite já preestabelecido, basta solicitar e o dinheiro cai imediatamente na conta corrente.
O problema desse tipo de empréstimo é o fato de ter taxas de juros maiores que as outras modalidades.
Cartão BNDES
É uma das modalidades de empréstimos mais requisitadas pelos empreendedores, por liberar quantias maiores e ter taxas de juros baixas. Ele funciona como um cartão de crédito para financiar investimentos de MEI e micro, pequenas e médias empresas.
Esse cartão permite ao empreendedor adquirir bens móveis para o negócio, com pagamento em até 48 vezes e taxa de juros baixa. É válido dizer que o capital só pode ser usado para esse fim. Mas, sem dúvida, é uma alternativa que pode facilitar a vida de muitos empreendedores.
Crédito para empresas BNDES
Entre as linhas de crédito para pequenas empresas estão as opções oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que possui produtos exclusivos para micro e pequenas empresas.
A BNDES Crédito Pequenas Empresas é vinculada a agentes financeiros credenciados e oferece limite de crédito máximo de 500 000 reais por cliente a cada 12 meses, com prazo máximo de até 60 meses e dois anos de carência. A taxa média de juros chega a 1,3% ao mês e inclui a remuneração do BNDES e do agente financeiro envolvido na operação.
Por fim
Por fim e extremamente importante, para buscar empréstimos bancários para o negócio, se for possível, você deve fazer a escolha criteriosa da modalidade de crédito, comparando as parcelas e as taxas cobradas entre as instituições financeiras que você mantém relacionamento para buscar a melhor condição.
Como melhor condição para o negócio, você deve avaliar, se a parcela cabe no fluxo de caixa. Ou se com a utilização deste dinheiro emprestado, o negócio vai gerar caixa para pagar a parcela.
E, não se atenha somente aos bancos tradicionais. Hoje em dia você pode buscar empréstimos bancários para os negócios em cooperativas de crédito, tais como o SICREDI, SICOOB e outras. Tem os bancos digitais e fintechs, como Nubank, Banco Inter e outras.
Gestão financeira nos negócios
Ao decorrer deste artigo, falei sobre o planejamento de caixa, que é uma das formas de manter o controle financeiro do negócio.
Inclusive, manter a gestão financeira do negócio sob controle é um ponto positivo para qualquer momento do negócio, porque quando o negócio possui uma boa gestão financeira, com os controles financeiros implantados, o empreendedor consegue antever possíveis problemas financeiros e atuar com antecedência, não deixando que a situação se complique muito.
E muitas vezes tomar empréstimo bancário é uma forma de corrigir erros praticados na gestão financeira ou na falta da gestão financeira nos negócios.
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