Neste artigo vamos discutir estratégias e ações para reduzir e controlar as dívidas nos negócios. Se você acha que o seu negócio não tem dívidas leia atentamente que vou te mostrar que todos os negócios possuem dívidas.
Os negócios para nascerem, na maioria dos casos, necessitam de um capital inicial. Capital esse necessário para formalização do negócio junto aos órgãos responsáveis e aquisição de algum equipamento.
Se for um negócio físico, tipo comercio, precisa mais ainda de capital para alugar o imóvel, comprar mobília, mercadorias e outras coisas que possa necessitar.
Nestes casos, é necessário que o empreendedor tenha capital para investir no negócio. Mas o que acontece quando o empreendedor não tem este capital?
Aí, ele precisa recorrer a alguma fonte que possa financiar o início das suas atividades. Então, até podemos dizer que o negócio já nasce com dívidas para pagar, não é?
Mas, pergunto. Todas as dívidas são ruins para os negócios?
Ou melhor um negócio ter dívidas quer dizer que ele vai quebrar?
Por isso, quero falar sobre as dívidas dos negócios. Vou mostrar que muitos negócios possuem dívidas e que muitas destas dívidas além de serem necessárias, são através delas que o negócio cresce.
Mas, também vou falar de estratégias para controlar e reduzir as dívidas do negócio e assim, zelar pela boa saúde financeira do caixa e consequente geração ou preservação do lucro.
O que são dívidas?
Dívida é um conceito com origem no latim debĭta. O seu significado diz respeito à obrigação que uma pessoa tem de pagar, reembolsar ou satisfazer algo (geralmente dinheiro) a outro sujeito.
Então, pelo conceito de dívida, todas as empresas possuem dívidas, não é?
Porque todas possuem obrigação com terceiros. Por exemplo, no seu negócio, você tem luz, água e telefone para pagar todo mês, porque o negócio faz uso deste serviço e depois paga. Então a empresa tem uma dívida com estes fornecedores.
Outro exemplo, são os funcionários. Eles primeiro trabalham para depois receber, geralmente no quinto dia útil do mês seguinte. Então, neste caso, a empresa também possui uma dívida a pagar.
Quero dizer com isso, que o conceito de dívida, não tem nada a ver com estar atrasado ou não. Originalmente ele tem a ver com a empresa ter um compromisso com terceiros.
Por isso, disse que todas as empresas possuem dívidas, entendeu?
E as dívidas fazem parte do contexto empresarial e financeiro dos negócios.
Como disse no início, você vai abrir o seu negócio e precisa de capital, então você recorre a alguma fonte de financiamento para viabilizar as formalizações legais.
Com o negócio aberto e funcionando, você vai obtendo receitas para pagar o capital financiado e ainda obter lucro.
Neste caso, você criou uma dívida que possibilitou a geração de receitas para pagar e ainda deixar uma sobra, que é o lucro. Então pergunto qual o lado ruim disso?
Veja outro exemplo!
Uma empresa de prestação de serviços de jardinagem, precisa comprar um novo cortador de grama, que cobre mais metros quadrados, possibilitando fazer o serviço mais rápido e com isso, mais que dobrar a capacidade de atendimento.
Então, por que não fazer uma dívida que poderá ser perfeitamente paga com a receita gerada?
Este é caso claro, nos negócios que chamamos de investimento. Mas não deixa de ser uma dívida, porque a menos que compra seja à vista, o negócio terá um compromisso mensal.
Esta é uma prática financeira comum aos negócios que não possuem recursos próprios para investimentos, funciona como uma estratégia para aproveitar as oportunidades de expansão no mercado.
Muito embora você encontre consultores e sites especializados em finanças dizendo que um negócio que tem dívidas está endividado. Eu te mostrei aqui, através de exemplos que não é bem assim.
Para que tudo isso que eu disse, aconteça da maneira correta, é necessário que o empreendedor ou gestor do negócio, saibam fazer contas e analisar seu fluxo de caixa para saber se poderão honrar esta nova dívida.
Porque senão, a dívida que era um investimento que poderia se pagar sozinha, acaba deixando o negócio endividado.
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O endividamento
O problema acontece justamente, quando o negócio possui mais dívidas do que consegue pagar, ou possui um volume muito grande de dívidas vencidas. Então neste caso, dizemos que o negócio está endividado e pior ainda é que também está inadimplente.
Diante de um cenário de endividamento e de inadimplência é necessário tomar medidas que possam controlar e reduzir as dívidas e, é sobre isso que vou falar agora.
Primeira ação que você deve fazer para conter o endividamento é conhecer a causa do endividamento.
Não tem como planejar ações sem saber exatamente o que causou o endividamento. Geralmente os principais motivos para o endividamento dos negócios está na tomada de decisões equivocadas, principalmente referente a:
- Investimentos sem lastro de caixa para pagamento;
- Falta de controle dos custos e despesas do negócio;
- Queda no volume de vendas, não fazendo frente às despesas;
- Preço de venda de produtos ou serviço que podem estar aquém do necessário para pagar os custos e contribuir para pagamento das demais despesas, e
- Inadimplência acima dos padrões aceitáveis para o caixa do negócio.
Identificado o motivo que está levando o negócio ao endividamento, é importante fechar esta torneira imediatamente.
Se o motivo do endividamento for por falta de recursos financeiros para pagamento do investimento, você poderá adotar as seguintes ações:
- Propor uma renegociação da dívida de modo que o negócio possa honrar as parcelas mensais
- Evitar o pagamento em atraso desta renegociação para não incorra na quebra do acordo ou gere multas e juros.
- Se o investimento for em máquinas, você pode propor a devolução dela como forma de um abatimento substancial da dívida.
- Você pode ainda, buscar um comprador para este ativo, que possa assumir a parcelas que você tem a pagar, ou com o dinheiro da venda, você pode negociar uma quitação junto ao fornecedor.
Ações para conter o endividamento
Se o motivo do negócio estar endividado for por causa de custos e despesas elevados, muito além da possibilidade de geração de caixa, então o empreendedor deve adotar as seguintes ações:
- Deve elaborar um plano de corte de gastos:
Deve levantar todas as despesas do negócio em busca do que pode ser cortado ou reduzido sem causar impacto significativo. - Uma segunda ação buscar a diminuição dos custos fixos mensais, através de renegociação dos valores com os fornecedores ou considerar até a troca por outros com valores mais adequados a realidade atual do negócio.
- Outra ação, agora falando dos custos e despesas variáveis e verificar se estes gastos realmente estão administrados da melhor maneira. Saber se é o melhor que processo produtivo do negócio pode fazer, ou se terá realmente que mexer no preço de vendas, o que não é uma boa.
Quando o endividamento tem origem na queda do volume de vendas é porque você não fez o dever de casa de monitorar e acompanhar o desempenho das vendas.
Então você foi deixando ficar, para ver o que acontecia e, está aí, o endividamento aparece sem que você tivesse adotado nenhuma das outras ações já sugeri no vídeo.
Agora, sugiro duas ações para buscar recuperação nas vendas e o equilíbrio das finanças.
- A primeira ação, é buscar o aumento do ticket médio que o cliente gasta no seu negócio.
- E como você pode fazer isso?
- Melhorando o mix de produtos, com produtos complementares para os clientes comprarem juntos com o produto principal.
- Montando kits de produtos com preço diferenciado do se estivesse comprando sozinho;
- Oferecendo descontos progressivos, tipo, quanto mais o cliente compra, mais desconto tem.
- A Segunda ação é promover uma queima de estoques. Não queima no sentido literal, mas sim realizar um saldão com descontos no preço dos produtos e/ou serviços.
Neste tipo de ação, você deve agir com bastante cautela com os números em mãos para não queimar junto com os estoques toda a sua margem de lucro.
O importante nesta ação, é acelerar as vendas e colocar dinheiro para dentro do caixa.
Sabe aquela sensação de que o negócio vende, mas não vê o dinheiro entrar no caixa?
Pois é, isso acontece por causa dos outros 2 motivos de endividamento de um negócio, que é o preço de venda inadequado e a inadimplência.
O preço de venda inadequado, olhando para dentro do negócio, é aquele onde o que sobra das vendas não é suficiente para cobrir todos os gastos variáveis e deixar dinheiro para cobrir os gastos fixos e o lucro.
Isso acontece, porque sua estrutura de gastos variáveis está alta, por causa de alguma ineficiência ou porque realmente os gastos subiram.
Então, resta ao negócio corrigir os preços de vendas de forma que possa suprir as necessidades do negócio.
Mesmo que o volume de vendas esteja baixo, a correção dos preços faz-se necessária para não aumentar ainda mais o endividamento por não cobrir os gastos variáveis e/ou não estar deixando margem para pagar os demais gastos.
A equação adequada do preço de vendas é aquela que mercado consumidor paga e o preço praticado é suficiente para cobrir os gastos e deixar uma parcela de lucro.
E claro, não adianta vender e não receber! Não é?
Então, vendas a prazo somente no cartão de crédito.
Caso tenha inadimplentes no negócio, não resta outra ação a não ser cobrar. Entrar em contato com todos buscando o recebimento ou até negociar parcelamento dos valores atrasados.
Leia Também: 6 Principais motivos que leva um negócio a quebrar
Estratégias financeiras para evitar o endividamento
Até agora, só falei de ações operacionais para você controlar e até evitar o endividamento. Agora vou falar de uma estratégia financeira que você pode adotar.
Por exemplo, se o endividamento do negócio ou parte dele for bancário, você pode buscar outra instituição financeira que ofereça condições melhores para você meio que trocar esta dívida.
O objetivo desta ação é alongar o prazo de pagamento ganhando folego no caixa com a diminuição da parcela e, talvez até conseguir a diminuição dos juros cobrados.
Uma vez participei de uma operação de recomposição de dívida em uma empresa. O que fizemos foi mais ou menos isso.
Tinha um imóvel que poderia ser dado em garantia, com isso, fomos a instituições financeiras em busca de capital para quitar o endividamento. Com a concretização da operação a empresa deixou de estar endividada e ficou somente com a parcela do financiamento que cabia no seu fluxo de caixa mensal.
Consequências de uma empresa endividada
Como vimos até aqui o negócio ter dívidas não é nenhum problema. O problema está quando o negócio se encontra endividado. Isso pode ter consequências significativas para a saúde financeira e operacional da empresa. Algumas das principais consequências do endividamento excessivo são:
Aumento dos custos de juros: o aumento dos custos de juros devido às dívidas pode ser muito prejudicial para a saúde financeira da empresa.
- Redução da capacidade de investimento: as empresas com dívidas excessivas podem ter menos recursos para investir em projetos, expansões e outras iniciativas importantes para o crescimento da empresa.
- Redução da liquidez: as empresas com dívidas excessivas podem ter problemas em obter empréstimos adicionais e, como resultado, sua liquidez pode se tornar prejudicada.
- Preocupações de credores: como resultado de um alto nível de endividamento, os credores podem ficar preocupados e se tornarem menos dispostos a emprestar à empresa.
- Restrições financeiras: as empresas com dívidas excessivas podem ter restrições financeiras que podem limitar sua capacidade de crescer ou expandir.
- Insolvência: o endividamento pode levar a empresa à insolvência, o que pode ser desastroso para os proprietários, credores e funcionários.
Espero que tenha percebido que uma empresa pode ter dívidas e mesmo assim ser muito lucrativa, pois se as dívidas estiverem controladas e pagas em dia, comportadas dentro do fluxo de caixa, não tem problema algum.
O que não pode acontecer é o negócio se endividar e ficar inadimplente, por decisões financeiras erradas tomadas pelo empreendedor. Isso sim, compromete o negócio.
Por isso, a forma como o empreendedor ou o gestor lida com as finanças, faz muita diferença para os negócios. Principalmente se fizer uso de controles e indicadores financeiro, para que suas decisões possam ser pautas nos números financeiros.
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