É comum negócios possuírem dívidas que, dentro de um limite, podem estar alinhadas com as estratégias financeiras para o desenvolvimento das suas atividades.
No entanto, a partir do momento que estes negócios começam a lidar com dívidas acumuladas, que estão prejudicando o andamento do dia a dia, o que era uma estratégia financeira passa a ser um sério problema.
Muitas vezes, a falta de gestão financeira adequada, o crescimento rápido, investimentos mal planejados, queda no faturamento ou até mesmo circunstâncias inesperadas podem levar o negócio ao endividamento excessivo, gerando um sufocamento financeiro.
Origem do endividamento excessivo
Antes de iniciar a renegociação com os credores é importante que você conheça os motivos que originaram as dificuldades para realizar os pagamentos e a consequente dívida.
Conhecer os motivos servirá de argumento para que o credor aceite parcelar o que tem a receber de acordo com a sua proposta, uma vez que ele perceberá que você trabalhou direitinho no dever de casa e tem um plano financeiro elaborado para resolver a situação.
Então, como já relatei alguns motivos que levam os negócios a ficarem endividados, deixe eu complementar com alguns outros:
- Empréstimo bancários em demasia, que consumem muito recurso do caixa;
- Gastos excessivos com administração do negócio e isso inclui as retiradas do empreendedor;
- Queda demasiada e inesperada nas vendas;
- Investimentos realizados que demoram a dar retorno financeiro;
- Falta de organização e controle financeiro
Estes são os principais motivos que vemos na maioria dos negócios.
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Problemas do endividamento excessivo
A partir do momento que este endividamento excessivo se torna uma realidade, os empreendedores passam a conviver com uma forte pressão sobre o caixa, se tornando uma batalha constante a busca por cumprir com todas as obrigações financeiras diárias.
Essa situação de falta de dinheiro começa a ocasionar o atraso em pagamentos simples e corriqueiros como fornecedores e funcionários, abalando inclusive a confiança do mercado para com o negócio.
E, à medida que as dívidas vão se acumulando, os problemas se intensificam. Juros, multas e até mesmo restrição nos órgãos de proteção ao crédito, tornam-se uma realidade assustadora para esses empreendedores, colocando em risco o futuro de seus negócios.
Uma vez, que o negócio possui restrição de crédito, rodar suas operações fica mais difícil e com isso a capacidade de geração de caixa fica prejudicada.
Diante desse cenário de caos financeiro, resta ao empreendedor tentar renegociar as dívidas com os credores da empresa para oxigenar o caixa e buscar o retorno às atividades normais.
Entretanto, a renegociação não deve ser feita de qualquer forma, deve-se adotar estratégias financeiras internas e externas para que seja possível honrar com o que será renegociado.
Por isso, neste artigo, vou compartilhar algumas estratégias financeiras que os negócios podem utilizar para renegociar dívidas e trilhar o caminho para a recuperação financeira.
O fluxo de caixa projetado
O endividamento excessivo nos negócios é facilmente percebido no dia a dia, com as dificuldades em fazer as contas fecharem, ou seja, o dinheiro disponível ser suficiente para realizar todos os pagamentos.
Por isso, para realizar qualquer renegociação com os fornecedores é necessário que a empresa trabalhe com o fluxo de caixa projetado.
Através do fluxo de caixa projetado, o empreendedor tem condição de analisar a disponibilidade de recursos financeiros ao longo dos próximos dias, semanas e meses para que possa negociar com a possibilidade de cumprir com o acordo.
Além disso, é através do fluxo de caixa projetado, que será possível conhecer o montante de dívidas que tem para ser pagos e analisar como a renegociação deve ser realizada para liberar espaço para outros pagamentos.
Se você ainda não trabalha com fluxo de caixa projetado passe a trabalhar, pois trará muitas vantagens para o negócio.
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Estratégias Financeiras
Arrumando a casa
Recomendo que seja feito um verdadeiro pente fino em todas as contas para conferir quais são os valores cobrados, taxas de juros e vencimentos de cada despesa.
O empreendedor deve deixar a casa arrumada com o reconhecimento de todas as dívidas e ciente, através de um fluxo de caixa projetado como está sua condição financeira para renegociação.
Esta é uma outra forma para você ter uma visão mais clara sobre o montante das dívidas e, a partir disso, traçar estratégias eficazes para renegociar.
Gerando mais caixa
A geração de caixa interfere diretamente na forma como você poderá renegociar com os credores, pois uma vez que você tenha mais dinheiro, mais folego tem para pagar.
O negócio pode buscar a geração de caixa, basicamente de 4 maneira:
- Através da redução de despesas
Analise a finanças do negócio para identificar se há gastos desnecessários que podem ser cortados. Assim, esses recursos podem ser redirecionados ao pagamento da renegociação.
2. A segunda maneira é através do aumento do faturamento e cobrança de inadimplentes caso haja.
Para isso, promova descontos, montagem de kits para aumentar o ticket médio vendido, campanha compre um leve outro com desconto, ou quaisquer outras formas que for pertinente ao seu negócio.
3. A terceira maneira é colocar dinheiro no caixa é considerar a venda de máquinas e equipamentos que não estão sendo usados ou que podem ser descartados sem gerar problemas para o negócio.
4. Buscar empréstimo bancário.
Por mais que pareça uma loucura, buscar um empréstimo ao mesmo tempo que tenta renegociar dívidas, essa opção pode ser vantajosa para renegociar o pagamento à vista com os credores, buscando descontos, ao mesmo tempo que o financiamento proporciona pagar em prazo maior do que os credores concederam.
Agora que você já conhece seus credores, está buscando gerar mais receita para renegociar e cumprir com o combinado, chegou a hora de estabelecer a próxima estratégia financeira.
Priorize as dívidas a serem renegociadas
Se o seu negócio tiver diversos credores para renegociar, é importante definir prioridades. Dessa forma você identifica o que é urgente e o que não precisa estar em primeiro plano agora.
Só você pode definir quais das suas dívidas são prioridades, mas geralmente se encaixam nessas categorias as dívidas que:
- As dívidas que podem impedir que as operações do negócio continuem, e aí é inerente a cada negócio.
- As dívidas que podem fazer com que você perca algum bem importante ou que possa ocasionar algum tipo de restrição de crédito.
- As dívidas que têm juros muito altos e cujo valor aumenta rápido de um mês para o outro.
- As dívidas que estão há mais tempo atrasadas.
Participe de mutirão de renegociação
Os mutirões de renegociação de dívidas costumam acontecer em determinadas épocas do ano, como forma do comercio buscar receber dívidas de pessoas e empresas e para isso oferecem condições especiais. É importante estar atento as estas oportunidades e analisar se é possível encaixá-la no fluxo de caixa.
Outro tipo de renegociação de dívidas que acontece são aquelas praticada pelo governo federal. Que oferece condições para os pequenos negócios regularizem seus débitos inscritos em Dívida Ativa da União com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), e com a Receita Federal, no que diz respeito a débitos não inscritos.
Portabilidade de dívida bancária
A transferência de uma dívida para uma instituição financeira que ofereça melhores condições de pagamento sempre deve ser analisada, principalmente para não trocar uma dívida por outra ainda maior na concorrência.
Pesquise na concorrência e procure seu gerente para discutir uma contraproposta mais adequada para o seu negócio.
Agora, vamos conhecer algumas estratégias para renegociar diretamente com os credores.
Renegociação com os credores
Para iniciar a renegociação com o credor, é importante chegar nessa hora com o máximo de informações financeiras possíveis sobre o seu negócio.
Porque, como eu disse, você precisa demonstrar ao credor o seu comprometimento em pagar as dívidas e que tem um plano sólido para fazer isso em um determinado prazo. Por isso, anteriormente falei sobre a projeção do fluxo de caixa. Entendeu?
Quando você consegue dar uma perspectiva de recebimento para o credor, isso aumenta a sua credibilidade, gerando uma relação de confiança com ele.
É importante conversar sobre prazos, valores e taxas de juros, em busca de um cenário positivo para ambos os lados.
Lembre-se que do outro lado tem um parceiro de negócio e a solução deve ser benéfica para ambos os lados, para inclusive continuar mantendo a relação comercial, principalmente se for um fornecedor vital par o seu negócio.
Um especialista em gestão financeira costuma fazer o seguinte comentário sobre a relação entre as partes em uma renegociação:
O empreendedor precisa saber que a renegociação não depende apenas da vontade dele, mas de um alinhamento com as condições oferecidas pelo credor.
Estratégias para renegociação de dívidas
Quando vou negociar ou renegociar com credores, tenho como estratégia financeira chegar com os valores totais em aberto e uma proposta de pagamento que seja muito boa para o meu fluxo de caixa. Sempre considero uma parcela mais baixa do que eu conseguiria pagar, assim tenho uma margem de negociação.
Já quando vou negociar ou renegociar com banco, adoto a estratégia de alongar o máximo possível o prazo de pagamento com o menor taxa de juros possível.
Em alguns casos, você só conseguirá isso, fazendo uma renegociação de dívidas no banco e, desta forma, ficará com o CNPJ negativado na instituição até que pague tudo.
Mas é uma saída muito viável para honrar pagamentos dentro do que seu fluxo de caixa permite. Já presenciei casos de parcelamentos de 48x a 60x sem exigência de garantia real.
De maneira geral, em uma renegociação não espere resolver tudo já no primeiro contato!
É muito possível que outras reuniões sejam necessárias para alinhar a negociação.
E falando em reunião, sempre que possível realize presencialmente.
Minha experiência diz que nada substitui o contato humano. Em uma reunião presencial você consegue ler a postura do seu credor e, ele ler a sua, desta forma é possível criar uma empatia recíproca e buscar a solução em conjunto.
Entenda que tudo que disse até aqui é para resolver uma situação tenebrosa que se abateu sobre o negócio pelos motivos que já relatei, ou por muitos outros, que podem acontecer no mundo dos negócios.
O ponto aqui, é que a gestão profissional de um negócio não deve ser reativa, ou seja, esperar o pior cenário para tomar as medidas necessárias, como foi o caso.
A atitude correta e profissional é trabalhar com antecedência, projetando cenários, controlando as operações e analisando os números.
E para isso, uma atitude simples como acompanhar o fluxo de caixa sistematicamente pode evitar que os negócios cheguem ao estado de endividamento em excesso.
É através do acompanhamento do fluxo de caixa, que o empreendedor tem a dimensão exata de como anda a saúde financeira do seu negócio e, isso, facilita planejar e tomar decisões corretas, inclusive decisões que contribuem para que endividamento excessivo não volte a acontecer.
Por fim, o endividamento nos negócios é um desafio real, mas não precisa ser o fim do seu negócio.
Basta adotar as estratégias financeiras que disse aqui, que fatalmente você conseguirá reverter a situação. Ao buscar a renegociação das suas dívidas, você equilibra as finanças, reconstrói sua reputação e fortalece sua posição no mercado e, logo surgirão oportunidades para o crescimento e prosperidade.
Gestão financeira é a maior aliada do empreendedor para manter o negócio organizado parem buscado do crescimento. Se você tiver necessidade de aprofundar os conhecimentos nas rotinas e procedimentos operacionais da área financeira, conheça os cursos e treinamentos online da TREINA MAIS.
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